quinta-feira, 17 de junho de 2010

Precarização do trabalho e aprofundamento das situações de exclusão

O presente texto traz a problematização do trabalhador livre no Brasil, logo após a abolição da escravidão, no início do séc.XX. Numa conjuntura do processo de desenvolvimento das indústrias, conforme defende Caio Prado Jr, serve para refletir sobre a origem do desenvolvimento no Brasil.
Até o fim da primeira metade do séc.XX, pode-se constatar o crescimento das indústrias manufatureiras, a expansão das cidades capitalistas (principalmente, nas grandes metrópoles), além do crescimento da pobreza e a dificuldade das pessoas em fazerem uso das cidades e acessar aos serviços destas.
Cabe ressaltar que no âmbito citadino percebe-se a dificuldade da integração social, assim, compreendida como contradições das relações capitalistas nos países subdesenvolvidos: aumento da desigualdade social, precarização do mercado de trabalho, crescimento das favelas e sub-habitações, e, desta forma, impactando severamente no cotidiano das classes populares (repercutindo na dimensão econômica e cultural dos menos favorecidos).
A constante modificação nas formas de produção no decorrer do séc.XX, tem na questão da reestruturação produtiva (globalização e as metamorfoses do capital), o maior impacto na realidade brasileira, principalmente, a partir da década de 1990. Observa-se o crescimento da pauperização, também, no interior da classe média, além da disseminação da pobreza de forma mais agudizada aos menos favorecidos político e economicamente.
Pode-se destacar na configuração da sociedade capitalista, na realidade brasileira, a reconfiguração do mundo do trabalho que vem explicar as elevadas taxas de desemprego e dificuldades de atingir meios de subsistência indispensáveis à vida.
A crescente desigualdade social brasileira (capitalismo de feição dependente aos grandes centros do grande capital) acarretou numa série de lutas das classes pauperizadas. Seja para a redução dos índices da desigualdade de renda e riqueza, seja para resistir frente às diversas tomadas de decisões governamentais, o movimento popular necessitou se organizar diante de tais situações adversas (ex: série de remoções entre outras).
A mobilização do movimento popular teve no período da ditadura o maior algoz para o seu desenvolvimento; assim, trabalhadores, moradores, entre outros, tornaram-se alvos de torturas e constantes ameaças.
Segundo Lojkine, todas as metamorfoses do mundo do trabalho acabou por gestar a "sociedade informacional ou da informação - emprego no próprio domicílio" em regime de tempo parcial, apliando o não-acesso das camadas menos favorecidas ao mercado de trabalho, devido à falta ou inexistência do conhecimento de informática, além do equipamento em si. Cabe observar que os novos aspectos produtivos restringem cada vez mais a esfera de trabalho das comunidades menos favorecidas.
Conclui-se que, para a redução do desemprego, faz-se necessário a utilização de políticas de capacitação, visando desta forma, a qualificação maciça dos sujeitos num forte processo educacional, no intuito de superar o mercado de trabalho seletista brasileiro.
Na realidade dos menos favorecidos (como estratégia de sobrevivência)resta o uso das atividades do mercado informal como reprodução material e espiritual de grande contingente de famílias, frente ao descaso da política estatal (cunho neoliberal).
A síntese de tal estratégia tem no resgate dos vínculos familiares e relações de vizinhança como principais alicerces de subsistência dos menos favorecidos.


Sub-capítulo do livro - Desigualdade e exclusão nas metrópoles brasileiras: alternativas para seu enfrentamento nas favelas do Rio de Janeiro / GOMES,Maria de Fátima Cabral Marques; PELEGRINO,Ana Izabel de Carvalho; FERNANDES,Lenise Lima, e REGINENSI,Caterine. - Rio de Janeiro (FACI,núcleo de pesquisa:favela e cidadania/ UFRJ).

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