quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"A favela surge da necessidade de onde e de como morar. Se não é possível comprar casa pronta ou terreno para auto-construir, tem que buscar uma solução. Para alguns essa solução é a favela".
Autor desconhecido
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Guardadas as devidas proporções, não seria nenhum absurdo dizer que os problemas das favelas continuam como estava há cem anos atrás. Nessa época, o traço principal da administração pública era o reformador, o higienizador, o civilizatório. A administração do engenheiro Francisco Pereira Passos foi o maior exemplo dessa concepção de urbanização da cidade. Hoje, esses problemas se avolumaram, tomaram novas formas, implicaram novas intervenções, apresentaram-se novas nuances, mas a necessidade de se fazer a “limpeza” da cidade continua figurando nos discursos e nas ações dos políticos e da classe dominante. Essa limpeza é aquela onde as ruas e demais espaços urbanos são “limpos” dos “maus-cidadãos”. O Estado, via de regra, interveio na questão de forma paliativa, sem ter por suas populações o devido respeito. Um exemplo disso é a forma como são tratados os moradores das favelas.
Se faz relevante destacar que no Rio de janeiro as favelas se proliferam a uma velocidade impressionante, onde o Estado se faz presente por meio da coerção.
Estudos nessa direção tem sempre demonstrado a gravidade da situação em que se encontram as favelas do Rio de janeiro, sejam eles censos demográficos, estatísticas sobre a violência, teses sobre questões urbanas, livros e ensaios editados dentro dessa temática. A pobreza tende a ser pensada pelo censo comum como sinônimo de criminalidade, pura e simplesmente, atribuindo à favela adjetivos de violenta e conseqüentemente criminosa, é aí que fica “estabelecida/cristalizada a relação entra vadiagem/aciosidade/indolência e pobreza e entre pobreza e periculosidade/violência/criminalidade”. (COIMBRA 2001: 105) Entretanto, associar a pobreza só ao fator criminalidade significa restringir sua abrangência que é muito maior.
O que se faz necessário e com urgência, não é promover revoltas, mas sim, inspirar a busca de novos caminhos, novas aspirações, sem deixar que os “movimentos” surgidos daí sejam cooptados e/ou esvaziados pela ação “reformadora” doa ideais burgueses.
Encerro essa breve análise com um maravilhoso achado da internet que já diz tudo: a música Viver em favela não é fácil não do MC – Okado

Morar na favela não é fácil
Quem mora no Arruda deve tá ligado, então
Morar na favela não é fácil
Quem mora em Santo Amaro também deve estar ligado
Tem muito amigo que se foi e eu fiquei foi por aqui
Eu sou B’boy, capoeirista, grafiteiro, M.C.
Junta aí amigo, se eu falei mal,
eu sou M.C. Okado, lá da beira do canal
E digo mais, na moral, em cima do encerado
eu não pago paio pra ninguém. Nesta vida de cão
você só vale o que tem.
Refrão
Pretos e favelados são rejeitados num horário de trabalho
e ainda são chamados de otário
Na favela a bala rola, tem muitos “aviciados”
que cê não pode jogar bola e, se brincar, joga sua vida fora.
Com tanta violência eu nem sei o que fazer
Deus está comigo, nunca vou me envolver
Refrão
Morar na favela, mas que terror!
A maioria das mortes passa tudo em Cardinô
O grande formador da desgraça de Pernambuco
exibe com orgulho o fim de vários malucos
Se alimenta de pá-pá-pá e vários defuntos
Sem talento, sem propostas, sem bom-senso e sem assunto.
Refrão



Dissertação final da disciplina elaborada pela discente: Tatiana Neves.


Retido do site: http://www.shinealight.org/Texts/AtoLetras.pdf


Referência Bibliográfica
COIMBRA, Cecília. Operação Rio. O mito das classes perigosas: um estudo sobre a violência urbana, a mídia impressa e os discursos de segurança pública. Rio de Janeiro, Oficina do autor. Niterói, Intertexto, 2001.
http://www.shinealight.org/Texts/AtoLetras.pdf

Um comentário:

  1. Olá sou o Mc Okado de recife li a postagem e curti pra caramba, fico grato por ouvir e usar minha letra pra que outras pessoas possam conhecer e ter uma outra visão da periferia!
    Gostaria de contactar a pessoa que publicou ou editou essa matéria, se puder entrar em contato lá na página fico grato abraços desde recife!
    https://www.facebook.com/okadodocanal/

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